UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
Grupo A –Profª Drª Ivone Evangelista e Pós-doutoranda Julia Maricela Torres Esperón
Grupo B - Prof.ª Drª Isabel Cristina dos Santos Oliveira
Website da disciplina: pc1-eean.webnode.com
Apresentação:
Créditos – 4 Carga horária: 60
Período de desenvolvimento: 20 de março a 03 de julho de 2017
Dias da semana: segundas-feiras horário de 13:30 às 17:30 hs.
Ementa: Correntes de pensamento - positivismo, fenomenologia, materialismo histórico e dialético, e pós-modernidade – na produção e consumo de conhecimento. Contribuição da análise filosófica para a ciência da saúde e enfermagem. A emergência de novos paradigmas que atendam às necessidades sociais em saúde. Dimensões ontológicas, epistemológicas e metodológicas da produção de conhecimento em saúde. O pensar crítico na contemporaneidade do mundo do trabalho interdisciplinar em saúde.
Objetivos:
- Desenvolver a capacidade de reflexão crítica e argumentação;
- Discutir as abordagens teóricas-metodológicas pertinentes aos anteprojetos/projetos de dissertações.
- Fazer análise dos estudos e projetos em desenvolvimento
Sistemática de desenvolvimento da disciplina
Turmas A e B juntas:
a)Leitura e debate de textos sobre filosofia da ciência e filosofia da enfermagem. Elaboração e apresentação dos seminários sobre correntes teórico-filosóficas que alicerçam o pensamento contemporâneo da produção do conhecimento em enfermagem
b) Leitura e discussão de textos e artigos científicos relacionados às correntes de pensamento e suas implicações na produção das dissertações dos alunos, a serem apresentados em powerpoint.
Turmas A e B separadas:
a) Apresentação e discussão dos projetos de pesquisa para aprofundamento e debates da aplicabilidade das correntes teóricas e filosóficas.
Orientações para a elaboração dos seminários individuais:
Serão realizados quatro (4) seminários grupais, sendo apresentados dois (2) grupos por dia nos seguintes horários: 13:30 as 15:00 horas e 15:30 as 17:00 horas, com intervalo de 30 minutos entre 15:00 e 15:30 horas. Cada seminário terá duração média de 90 minutos.
O ROTEIRO adotado PARA O SEMINÁRIO SOBRE AS CORRENTES FILOSÓFICAS consistirá de:
A formulação e apresentação do seminário baseadas nos seguintes pontos:
- De que forma a corrente de pensamento orienta a pergunta de pesquisa situada nas questões sobre “O quê investigar?”, “Por que essa investigação terá que ser desenvolvida?”, “Para quê investigar?”, “Quais são as possibilidades de essa investigação ser conduzida?”, “em quanto tempo?? ” e
- Qual a contribuição dos métodos filosóficos dentro desta corrente?
- Como se dá a articulação entre as teorias de enfermagem e a corrente de pensamento? (exemplifique com artigos)
- Em qual corrente de pensamento o meu estudo se insere?
- Em quais correntes de pensamento o meu estudo não se insere e porque?
Constituição dos grupos:
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Positivismo |
Fenomenologia |
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Materialismo Histórico e Dialético |
Pós-Modernidade |
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Na Dinâmica das apresentações dos Projetos de dissertações, mestrandos, professores e orientador utilizarão o tempo da seguinte forma:
- Mestrando apresenta o seu projeto de dissertação - mínimo 15 e máximo de 30 minutos.
- Mestrando debatedor - até 10 minutos para apresentar sua apreciação e arguição do projeto sob a sua responsabilidade;
- Equipe docente: cada docente - 15 minutos para apresentar a sua apreciação e arguições;
- Professor(a) orientador(a): até 20 minutos para apreciação e apreciação das discussões sobre o projeto do mestrando sob sua orientação;
- OBS: Cada mestrando entrega o projeto COMPLETO impresso aos docentes e debatedor uma semana antes a apresentação individual – apresentar uma súmula do projeto de dissertação com até 3 laudas aos ouvintes.
Para apreciação do projeto, os mestrandos podem se guiar pelo roteiro que consta no anexo 1.
Avaliação: Adotar-se-á os seguintes critérios para avaliação de desempenho discente:
- Apresentação crítica da análise de textos dos artigos e texto;
- Apresentação escrita e oral do projeto de dissertação;
- Participação nos debates dos textos dos artigos, livro e do projeto;
- Capacidade de crítica e argumentação do projeto;
Para efeitos de aprovação o mestrando terá de cumprir no mínimo 75% do cronograma da disciplina.
TEXTOS ADOTADOS NA DISCIPLINA
AULA INTRODUTÓRIA
- Tong A, Sainsbury P, Craig J. Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ): a 32-item checklist for interviews and focus groups. International Journal for Quality in Health Care. 2007; 19 (6P):349 – 357. Available in: https://intqhc.oxfordjournals.org/content/19/6/349.
- Kura, S. Y. B. Qualitative and Quantitative Approaches to the Study of Poverty: Taming the Tensions and Appreciating the Complementarities. The Qualitative Report 2012 Volume 17, Article 34, 1-19 https://www.nova.edu/ssss/QR/QR17/kura.pdf
ENCONTROS DE LEITURA
- Silveira, F.L. A TEORIA DO CONHECIMENTO DE KANT: O IDEALISMOTRANSCENDENTAL. Cad. Cat. Ens. Fís., mar. 2002; 19 (n especial): 28-51.
- Smith, P.J. Ceticismo dogmático e dogmatismo sem dogma. Integração. Abr-Jun, 2006. Ano XII, nº 45: 171-185.
- Silva, M. L. P. Conceitos fundamentais de Hermenêutica Filosófica. Coimbra, 2010. p. 1-43 (disponível em : https://www.uc.pt/fluc/lif/conceitos_herm).
- Iber, C. Introdução à filosofia moderna e contemporânea. Orientação sobre seus métodos. Série Filosofia – 216. Porto Alegre: ediPUCRS, 2012, 183p.
- Polifroni, E.C. Philosophy of science: An introduction. In Butts, J. and Rich, K. Philosophies and Theories in Advanced Nursing Practice. 2nd ed. Ontario (Canada): Jones and Bartlett, 2015. Pp. 3-18.
- Epstein, M. Introduction to the philosophy of science (chapter 2). Seale, Clive. Researching society and culture. 3rd edition. London: Sage Publication, 2011, page 9-28.
- Araújo, C.A.A. A ciência como forma de conhecimento. Ciências&Cognição2006; 8: 127-142.
- Carvalho, V. de. Sobre constructos epistemológicos nas ciências - uma contribuição para a Enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem, 11(4):420-8, jul-ago 2003 (disponível em:www.eerp.usp.br/rlaenf ou www.scielo.br).
- Bruce, A; Rietze, L.; Lim, A. Understanding philosophy in a Nurse’s world: What, where and Why? Nursing and Health, 2014; 2(3): 65-71
- Edwards, S. D. The idea of nursing science. Journal of Advanced Nursing, 1999, 29(3): 563-569.
- Carvalho, V de. Por uma epistemologia do cuidado de enfermagem e a formação dos sujeitos do conhecimento da área de enfermagem - do ângulo de uma visão filosófica. Esc Anna Nery. Rev Enferm, 2009abr-jjun; 13(2):406-14. Disponívelem: https://www.scielo.br/pdf/ean/v13n2/v13n2a24
- Santos QG, Azevedo DM, Costa RKS, Medeiros FP. A crise de paradigmasnaciência e as novasperspectivasemEnfermagem.Esc Anna Nery 2011 out-dez; 15(4):833-837. Disponívelem: https://www.revistaenfermagem.eean.edu.br/detalhe_artigo.asp?id=713
- Watson, J. Caring as the essence and science of Nursing and health care. O Mundo da Saúde. São Paulo: 2009;33(2):143-149.
- Shaw, M, C. The discipline of nursing: historical roots, current perspectives, future directions. Journal of Advanced Nursing, 1993; 18: 1651-1656.
- Hage, A. M.; Lorensen, M. A philosophical analysis of the concept empowerment; the fundament of an education-programme to the frail elderly. Nursing Philosophy, 2005; (6): 235–246
- Yeasmin, S.; Rahman, K. F. Triangulation' Research Method as the Tool of SocialScienceResearc .BUP JOURNAL, September 2012; 1(1): 154-163.
- Greenwood, J.; Bonner, A. The role of theory-constitutive metaphor in nursing science. Nursing Philosophy. 2008; 9: 154–168
- Enders, B.C.; Ferreira, P. B.; Monteiro, A.I. CIÊNCIA-AÇÃO: FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E RELEVÂNCIA PARA A ENFERMAGEM. TextoContextoEnferm,Florianópolis, 2010 Jan-Mar; 19(1): 161-7.
- Helleso, R.; Fagermoen, M.S. Cultural diversity between hospital and community nurses: implications for continuity of care. International Journal of Integrated Care – Vol. 10, 18 February 2010. [Internet, 9 pages]: https://www.ijic.org/
- Cupani, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. scientiæzudia, São Paulo, 2004; 2(4): 493-518.
SEMINÁRIO DE CORRENTE DE PENSAMENTO – Leituras sugestivas
- Masson, G. Materialismo Histórico e Dialético: uma discussão sobre as categorias centrais. Práxis Educativa.Jul - dez 2007, 2(2): 105-114.(disponível em: https://www.revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa)
- Barreto, T. V. Positivismo, Positivismos: da tradição francesa ao Positivismo instrumental. Estudos de Sociologia. jul - dez 1998, 4(2):7-31 (versão online disponível no Google - busca pelo título).
- Arreaza ALV Epidemiologia crítica: por uma práxis teórica do saber agir. Ciência&SaúdeColetiva, 2012; 17(4):1001-1013.
- Silva, J. M. O.; Lopes, R.L.M.; Diniz, N.M.F. Fenomenologia. RevBrasEnferm, Brasília 2008 mar-abr; 61(2): 254-7.
- Oliveira, G. S. de; Cunha, A. M. de O. Breves considerações a respeito da Fenomenologia e do método fenomenológico. Cadernos da FUCAMP. 2008, 7(7):1-12 (disponível em htpp://www.fucamp.edu.br/ditora).
- Lacerda, G.B. AUGUSTO COMTE E O “POSITIVISMO” REDESCOBERTOS Rev. Sociol. Polít., Curitiba, v. 17, n. 34, p. 319-343, out. 2009
- Wojnar, D. M.; Swanson, K. M. Phenomenology. An Exploration. Journal of Holistic Nursing. September 2007; 25( 3): 172-180
- Racher, F. E.; Robinson, S. Are Phenomenology and Postpositivism Strange Bedfellows? Western Journal of Nursing Research, 2002, 25(5), 464-481.
JORNADA DE ESPIRITUALIDADE
- Pessini, L. A Espiritualidade interpretada pelas ciências e pela saúde. O Mundo da Saúde. São Paulo: 2007: abr/jun 31(2):187-195. Disponível em: https://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/53/06_a_espiritualidade.pdf
- Dal-Farra, R. A.; Geremia, C. Educação em Saúde e Espiritualidade:Proposições Metodológicas. RevistaBrasileira de EducaçãoMédica. 2010; 34 (4): 587-597.
- Goddard, N. C. “Spirituality as integrative energy”: a philosophical analysis as requisite precursor to holistic nursing practice. Journal of Advanced Nursing, 1995; 22: 808-815.
- BORGES NETO, R.S. Aespiritualidade do cuidado no processo vital de morrer: um diálogo entre finitude e transcendência. In: SOARES, A.M.M. (Org.). Outro ângulo: reflexõesacerca do humano. Rio de Janeiro: Publit, 2015, p. 31-54.
- Saad M, Masiero D, Battistella LR. Espiritualidadebaseadaemevidências. ActaFisiátrica 8(3): 107-112, 2001.
- Koenig HG. Religião, espiritualidade e psiquiatria: uma nova era naatenção à saúde mental. Tradução, Moreira-Almeida A. S/D. Disponívelem: https://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/.
ROTEIRO SUGESTIVO DE APRECIAÇÃO DE PROJETO
Pesquisa qualitativa: Orientar-se pelas diretrizes publicadas pelo Consolidatedcriteria for reportingqualitativeresearch (COREQ): a 32-item checklist for interviews andfocusgroups.
O termo interviews aplica-se as pesquisas desenvolvidas com estratégias individuais e o termo focusgroups às estratégias grupais de pesquisa.
Baixar o checklist em https://intqhc.oxfordjournals.org/content/19/6/349
Três domínios de apreciação:
- Primeiro domínio: Equipe de pesquisa e reflexividade na apresentação da problemática e relevância do estudo
Características pessoais: engajamento dos pesquisadores qualitativos e participantes no processo de pesquisa. O pesquisador precisa reconhecer e esclarecer o leitor sobre sua identidade, credenciais, ocupação, gênero, experiência com o tema. Esses fatores podem influencia as observações e interpretações do pesquisador.
Relação com os participantes: descrição indicando qual tipo de relacionamento tem com a escolha dos participantes da pesquisa e a extensão da interação que estabelece com eles, porque pode interferir nas respostas dos participantes e também na compreensão do fenômeno pelos pesquisadores. O interesse pessoal do pesquisador sobre o tema investigado precisa ser transparente para o leitor.
- Segundo domínio: Desenho do estudo
Estrutura teórica: estrutura teórica que sustenta o estudo para que o leitor compreenda como o pesquisador explora sua questão de pesquisa/objeto de estudo e objetivos. Ela inclui, dependendo da escolha epistemológica do pesquisador: grounded theory (GT) – gerar teoria a partir de dados; etnografia, interpretar a cultura de grupos que compartilham as mesmas características; fenomenologia, descrição/compreensão do significado e a significância de experiências; análise de discurso, para analisar como o discurso funciona e seu significado para quem o disse; análise de conteúdo, para organizar sistematicamente dados dentro de um formato estruturado.
Seleção dos participantes: Como acontece a seleção, captação e constituição/recrutamento da “amostra”/ participantes no estudo, considerando indicadores de qualificação dos participantes (critérios de inclusão/exclusão), onde serão encontrados, que/quem abordagem adotará, entre outros aspectos que contribuam para que o leitor avalie a diversidade de perspectiva incluída.
Cenário: descrição do contexto em que os dados serão gerados/produzidos/coletados. O cenário refere-se ao lugar de encontro do pesquisador de campo com o participante, como por exemplo, sala de espera do ambulatório, domicílio das famílias, laboratório x. O cenário esclarece porque os participantes respondem de uma forma particular. Apresentar as características dos participantes, como as sociodemográficas por exemplo, contribui para que o leitor considere a relevância dos achados e interpretação para uma situação assemelhada a dele. Aí reside as condições de generabilidade do achado e permite que o leitor avalie se perspectivas de diferentes grupos foram exploradas e comparadas.
Geração/coleta de dados: apresentação das perguntas/questões formuladas e como serão aplicadas no trabalho de campo na interação com os participantes do estudo contribui para que o leitor compreenda qual é o foco do estudo e avalie se os participantes serão/foram estimulados a falar abertamente sobre seu ponto de vista. A riqueza dos dados depende de como o pesquisador criou condições no campo para que os participantes respondessem às perguntas. O modo de registro das vozes dos participantes (os dados) deve estar descrito (gravação em áudio, filmagem, registro escrito etc), em relação a tipo (verbal, com gravação e não verbal, no caderno de campo), tempo, quem registrou e porque adotou esse modo de registro etc; com autorização do participante - prévia ou posterior – e porque. O modo de transcrição total, parcial. Duração da entrevista/grupo porque influencia o volume e profundidade dos dados gerados; os critérios de saturação dos dados que orientaram o encerramento do trabalho de campo.
- Terceiro domínio: Análise e resultados
Análise de dados: processo de codificação da análise e geração das categorias de resultados para discussão conferem credibilidade aos resultados. Análise por pares, em triangulação de pesquisadores, modo de seleção dos fragmentos de narrativas etc.
Relato dos achados: descrição de modo que o leitor avalie a consistência entre os dados apresentados e os achados do estudo, enriquecendo a ilustração do achado com fragmentos de narrativas de vários participantes. Sumarizar os achados, interpretações e teorias geradas.